Hip-hop oferece aos jovens da periferia a chance da existência socia
Um rapper, tão anônimo quanto sábio, afirmou que o hip-hop era “a CNN da periferia” (apesar da insistência da mídia, em especial a brasileira, em associar o movimento à violência e ao crime), ou seja, uma forma de a periferia expressar suas necessidades de classes excluídas. O hip-hop teria nascido em 1968, baseado em dois movimentos: a maneira como se transmitia a cultura dos guetos americanos e, daí o nome, no jeito da dança popular da época, que reunia saltar (hop) e movimentar os quadris (hip). Ao chegar ao Brasil, nos anos 1980, a ligação entre cultura, dança e lazer se estreitou a ponto de deixar no ar a pergunta: é um movimento cultural ou político? “Hip- hop é teres direito de discordares do que quiseres/ de certa forma é estar na política/ não aceitar tudo calado nem desenvolver consciência crítica/ o som que analisa, critica, contesta/ não te esqueças que hip-hop também é festa/ ritmo e poesia é o que nos caracteriza/ e quem não sabe dançar improvisa!”, define, com precisão, a letra de Hip-Hop, do Boss AC.
“O hip-hop reinventa a negritude, transgride as imagens opressoras atribuídas pela sociedade à juventude periférica e, assim, lhe oferece possibilidade de existência social. Daí o movimento ter como objetivo uma transformação simbólica da sociedade, alterar algumas representações que definem a realidade social e os sujeitos que dela fazem parte.” A oferta é irrecusável: novas possibilidades de interpretação do mundo e das identidades e uma cidadania conseguida por esforço próprio. Tudo fruto de uma notável aliança entre cultura e política. “Procure a sua paz. Não se acostume ao cotidiano violento, que esta não é a minha vida, esta não é a sua vida. Cheguei aos 20 anos, sou um sobrevivente. Vinte anos contrariando as estatísticas”, avisa Mano Brown em Fórmula mágica da paz. Quem não sabe dançar improvisa.
CONTINUA...
Goostei! :)
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